Portugal, é fogo que arde sem se ver? - Debate - quarta-feira, 1 de Outubro, 21h30



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“A Memória e o Fogo. Portugal: O Cenário Invertido da Eurolândia”, de Jorge Valadas
Apresentação e Debate com o autor.
1 de Outubro, quarta-feira, 21h30. Entrada livre.

Jorge Valadas nasceu em Lisboa em 1945. Exilou-se em Paris, após ter desertado da Guerra Colonial que o Estado português prosseguiu ente 1961 e 1974 contra Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
A inquietação de raiz libertária e a vocação para questionar o mundo estão presentes nos ensaios que Jorge Valadas publica desde 1972 quando se estreou com o livro “Le Tigre de papier” (Spartacus, 1972, Paris), sobre o desenvolvimento do capitalismo na China entre 1949-1971.
Entre outras obras referimos “Portugal, l'autre combat (Spartacus, 1975) : classe et conflit dans la société”, escrito com F. Avila, C. Orsoni, B. Lorry e C. Ferreira; Voyage au bord d'une Amérique en crise (Traffic, 1992) e Au-delà des passes montagnes du Sud-Est mexicain (Ab Irato, 1996), ambos escritos com Sylvie Deneuve.
Sob o pseudónimo Charles Reeve e em co-autoria com Hsi Hsuan Wou, publicou recentemente “China Blues, voyage au pays de l'harmonie précaire”, editado pela Gallimard.

Editado pela Letra Livre o livro de Jorge Valadas «A Memória e o Fogo. Portugal: O cenário Invertido da Eurolândia» é um ensaio crítico sobre a política, a sociedade e a cultura portuguesa. O autor traz à superfície factos da sociedade portuguesa que têm vindo a ficar submersos no pântano da “amnésia administrada”, como escreveu Júlio Henriques no prefácio.


(Breve comentário para estimular o debate):

O livro A Memória e o Fogo. Portugal: O Cenário Invertido da Eurolândia aborda temas políticos que continuam a ser um nó na garganta de quem quer (ou não quer?) reflectir com honestidade sobre o passado e o presente do país. Tem o condão de nos fazer reflectir sobre o beco sem saída em que se tornou este território à beira-mar plantado, sazonalmente desencalhado pelo turismo e ancorado em figuras de proa, como o excelentíssimo Presidente da EU, que praticam “os grandes crimes entre amigalhaços” preferindo o oportunismo, a guerra e a morte à dignidade humana, ou em “socialistas geração blair-b(l)ush que fecham escolas e maternidades porque, um dia, os nossos filhos deverão nascer e estudar no Cairo onde existem grávidas e estudantes que cumprem os requisitos estatísticos do real-socialismo-socrático .
Se nas últimas décadas a mentalidade de vistas curtas que imperou nos centros de poder do Estado e nos grupos económicos tinha como paradigma e exemplo fazer de cada português um trolha ou empreiteiro, para que cidades (como o Porto, exemplo crasso) tivessem o número de fogos em ruína por habitante dos mais altos da Europa; para construir a torto e a direito apartamentos nos subúrbios das cidades para ficarem vazios no silêncio do betão; para negligenciar os espaços verdes e as florestas do país (dos 500 mil desempregados oficiais deste país, quantos estariam dispostos a receber um salário precário de 500 euros para vigiar e cuidar das florestas?; quantos helicópteros privados de políticos plenos de suspicácia deixariam de ser contratados a peso de ouro para regar com água os fogos que alastram e que, num verão, destroem um terço da aérea florestal do país, se em vez de ideias aéreas e estratosféricas se cuidasse das florestas como se cuida do betão e do asfalto?); para permitir que a estratégia de despoluição de rios infestados pela ganância é encerrar as portas da indústria têxtil do Ave e pegar nos Ferraris e ir para a Roménia explorar outras mulheres; para fazemos do Ensino superior (?) uma corrente de caixas do Jumbo e do Pingo-Doce ou emigrantes via Ryan Air, então, o que poderemos esperar quando a injecção de capital de Bruxelas começar a fechar o gargalo?