O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, Glauber Rocha

“A única opção do intelectual do mundo subdesenvolvido entre ser um "esteta do absurdo" ou um "nacionalista romântico" é a cultura revolucionária. Como poderá o intelectual do mundo subdesenvolvido superar suas alienações e contradições e atingir uma lucidez revolucionária?”, Glauber Rocha


O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, Glauber Rocha
Filme, 1969
Domingo, 7 de Agosto, 18h
Entrada Livre a quem for sant@...



Sinopse:
"(...)Primeiro foi em Deus e o Diabo na Terra do Sol, que Antônio das Mortes apareceu para livrar o sertão dos cangaceiros e beatos. Assim foi concebido por Glauber Rocha, que procurava mostrar com este personagem um indivíduo possuído de um misticismo próprio, uma filosofia autenticamente nordestina, inspirada no próprio folclore do sertão. Embora seu trabalho fosse pago, Antônio das Mortes sentia ao mesmo tempo que era necessário livrar o mundo daqueles males e ninguém melhor do que ele poderia encarnar o justiceiro como um ser predestinado por forças superiores a ele próprio, sublimando as suas faltas com suas acções calcadas na violência.
Incompreendido, contraditório mas acima de tudo um homem só com a sua sorte, a figura de Antônio das Mortes atraiu sobre si as atenções gerais. A força desse personagem não escapou aos olhos argutos de críticos e público e dificilmente poderia ser deixado de lado, tal o potencial que apresenta como criação. (...)
A história é simples. Um dia, numa cidadezinha chamada Jardim das Piranhas aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes vai à cidade para ver o cangaceiro. Não vem por dinheiro. Quer apenas comprovar se é verdade mesmo. É o encontro dos mitos.
Coirana:
"Tenho mais de mil
Cobranças pra fazer
Mas se eu falar de todas
A terra vai estremecer
Quero só cobrar as preferidas
Do testamento de Lampião:
Quem é homem vira mulher
Quem é mulher pede perdão
Prisioneiro vai ficar livre
Cangaceiro vai pra cadeia
E mulher dama casa na Igreja."
Antônio:
"Tu é verdade ou assombração
Diga logo, cabra da peste
Eu de minha parte não acredito
Nessa roupa que tu veste!"
E tem início o duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro. Mas esta história tem seus demais personagens que vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças; um coronel com delírios de grandeza, voltado para um passado distante; um delegado com ambições políticas; e uma mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão. Todos são envolvidos na acção dirigida por Antônio e seus contraditórios conceitos de moral e justiça. (...)", Míriam Alencar